quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Para Alguns, indigesta

Nem todos gostariam de votar no domingo, no entanto, a fila quase inexistente e a conseqüente rapidez amenizaram o discurso dos contrários ao voto obrigatório


Domingo dia 31 de outubro. Uma data histórica para o país, que consagrou Dilma Rouseff como a primeira mulher eleita presidente no país. Com um projeto de continuar os avanços conquistados pelo governo Lula, foi à preferida pelos eleitores, elegendo-se com mais de 56% dos votos válidos. Porém, muitos dos votos obtidos tanto por Dilma, quanto pelo candidato derrotado, José Serra, poderiam ser desconsiderados, segundo quem os fez.

Miguel Buianain, 19 anos, é um destes que não gosta de votar. “Acordar cedo num domingo para votar é complicado. Pelo menos hoje não tem fila”. Ao ser questionado em quem votou foi incisivo: “Anulei, não gosto de nenhum dos dois candidatos”.

A questão do voto obrigatório é muito discutida, principalmente, durante o período eleitoral. Alguns dizem ser o dever das pessoas elegerem seus representantes e, assim, participar das discussões acerca do futuro do país. Para outros, fere a liberdade das pessoas de escolher se querem, ou não, participar de tal processo.

Para Felipe de Souza, estudante de jornalismo, o voto obrigatório não é o melhor caminho. “acho que o direito ao voto é melhor do que nada, mas é isso: um direito; não deveria ser obrigatório. O fato de eu ter que votar não impede que eu me omita, já que posso anular ou votar branco. Então, não faz sentido nenhuma obrigatoriedade. Só dá dor de cabeça.”

Em contrapartida, o professor de história, Adilson Green, Pensa que a obrigatoriedade do voto é o melhor caminho para a firmação de democracia recente, como a nossa. “O voto é essencial para o fortalecimento da democracia. No momento em que estamos é incoerente pensar em voto facultativo, precisamos trazer as massas para as discussões do país, fazer todos se interessarem. Para obter isso, o voto obrigatório ainda é essencial na atual conjuntura.”

Mas o povo que não gosta de votar, em suma maioria, não se interessa por tais discussões. Ao se aproximar das 17 horas chegam pessoas já com a língua enrolada e, evidentemente, insatisfeitas por ter que votar. “Estava num churrasquinho e tive que vir votar. Não queria votar, mas sou obrigado, fazer o quê?”, coloca o servidor público João Arantes de 34 anos. Cinco minutos após chegar à zona eleitoral, o mesmo João Arantes sai sorridente: “Até que foi rápido. Valeu à pena, ajudei a escolher o futuro presidente”.

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